Exclusivamente uma das empresas usadas pelo bicheiro Bernardo Bello para lavar moeda da exploração do jogo do bicho no Rio de Janeiro movimentou em oito meses, em 2021, quase R$ 80 milhões, segundo o Departamento-Universal de Combate à Prevaricação, ao Transgressão Organizado e à Lavagem de Verba (DGCOR-LD), da Polícia Social.
Aliás, outras duas empresas teriam movimentado mais R$ 80 milhões desde 2020. O trabalho de investigação contou com o escora do Comitê de Lucidez e Recuperação de Ativos (Zero), formado por policiais federais e civis.
A Polícia Social informou ainda que pediu o sequestro de todos os veículos, embarcações, quotas sociais e imóveis, entre outros, vinculados às empresas envolvidas no esquema, além do bloqueio sobre os saldos das contas e quaisquer bens, direitos e valores e da constrição de criptoativos dos membros da organização criminosa.
Bello e outros sete suspeitos de envolvimento em uma organização criminosa que praticava lavagem de moeda tiveram a prisão decretada e foram fim da terceira tempo da operação Ás de Ouros, da Polícia e do Ministério Público, na quinta-feira (7). Cinco mandados de prisão expedidos pela Justiça foram cumpridos em penitenciárias. Três suspeitos, entre eles o bicheiro, não foram encontrados e seguem foragidos.
Na ação, também foram cumpridos mandados de procura e mortificação em diversos endereços ligados ao grupo.
A operação é desdobramento de uma investigação que apurou a morte do jurisconsulto Carlos Daniel Dias, em Niterói, na região metropolitana do Rio, em 2022. Em ações anteriores foram identificados e presos os executores do homicídio do criminalista, que teria sido morto ao tentar mediar um conflito envolvendo uma das empresas ligadas ao esquema.
O bicheiro Bernardo Bello é um dos chefes da contravenção no Rio, responsável pela exploração do jogo do bicho e de máquinas caça-níqueis em diversas regiões.
Ex-presidente da escola de samba Unidos de Vila Isabel, ele chegou à liderança do jogo do bicho em segmento do Rio de Janeiro depois a morte do ex-sogro, o bicheiro sabido uma vez que Maninho Garcia, assassinado em 2004. De lá para cá houve diversas disputas pelo poder dos pontos de jogo envolvendo a família Garcia.