A disputa pelo poder nas ruas e comunidades do Rio de Janeiro, ao longo dos últimos 40 anos, traz consigo diversas histórias e conflitos entre diferentes famílias, que sucedem ao poder com a passagem de bordão entre patronos e herdeiros.
No início dos anos 1980, a prática que começara através dos visitantes do Jardim Zoológico do Rio de Janeiro, avançou para os bares e estabelecimentos das comunidades cariocas. Através de seus “patronos” o Jogo do Bicho se tornou um mecanismo de poder e domínio territorial na Cidade Maravilhosa.
O jogo é relatado a partir de um conglomerado de famílias dos contraventores, que se dividem em cinco nomes principais: Miro Garcia, Castor de Andrade, Capitão Guimarães, José Escafura e “Anísio” Abraão.
Passagem do poder
A sucessão da família Garcia passou de Miro para o rebento mais velho, Maninho. O varão denominado uma vez que “Rei do Rio” era temido pela cúpula dos contraventores, mas foi assassinado na porta de uma ateneu, em 2004. O comando das áreas do “Seu Miro”, na Zona Setentrião, Meio e Sul da capital, foi herdada pelas netas Shanna e Tamara Garcia. A família é apontada uma vez que a mais influente e já nomeou vários patronos do Salgueiro, uma das escolas de samba mais tradicionais do Rio.
A família Castor colocou seu nome em destaque por liderar a Mocidade Independente de Padre Miguel, e dominar vários pontos do bicho na Zona Peste e na região da Costa Virente, localizada no litoral sul do estado. A morte de Castor deixou um vácuo no poder que culminou em disputas que, 27 anos depois, nunca foi “oficializada” nem mesmo entre os contraventores. O rebento de Castor, “herdeiro oriundo”, foi assassinado um ano em seguida a morte do pai. O genro de Castor, Fernando Iggnácio assumiu o poder, que passou a ser disputado pelo sobrinho de Castor, Rogério de Andrade.
A família Guimarães é apontada uma vez que aquela que – através de seu patriarca – conseguiu implementar um sistema “lógico” de organização e jerarquia no comando das áreas onde o jogo é operado. Luiz Guimarães, rebento do “Capitão Guimarães” é indigitado uma vez que provável sucessor, já que o comando ainda segue sob as ordens do capitão. Pai e rebento são tidos uma vez que os nomes mais influentes da Unidos de Vila Isabel.
Entre os Escafuras, o representante da família e uma das figuras mais simbólicas do jogo do bicho, José Caruzzo, o Piruinha, continua primeiro dos negócios conforme o Ministério Público.
Um dos filhos de Piruinha, Haylton Carlos, foi assassinado em 2017 em uma disputa por pontos de máquinas de caça-níquel. A família é apontada uma vez que controladora de pontos na Zona Setentrião, principalmente em Madureira.
A família Abraão é considerada a mais influente dentro da Beija-Flor de Nilópolis, tendo seu patrono revezado entre Anísio e o rebento, Gabriel David, indigitado uma vez que um dos sucessores do pai no mundo do samba. O patriarca é indigitado uma vez que “proprietário” dos pontos do jogo do bicho na Baixada Fluminense.
Quem são os nomes no comando do jogo do bicho no RJ
Os nomes no comando da contravenção no Rio de Janeiro envolve nomes da “velha guarda” e herdeiros que se sucederam em seguida diversos episódios, muitas vezes sangrentos, que contam a história de uma das práticas mais antigas da cultura carioca. Saiba quem são os nomes no comando do jogo do bicho no RJ.
Maninho Garcia

Considerado uma vez que o rebento preposto de Miro, o violador mais temido entre os bicheiros, foi criado para ser seu herdeiro no jogo do bicho. Chamado até de Rei do Rio, Maninho assumiu o jogo do bicho em seguida a morte de Tio Patinhas, seu paraninfo, herdando segmento do negócio de Angelo.
Com “jeito para os negócios”, Maninho seguiu os passos do pai atuou uma vez que diretor do Salgueiro, no famoso desfile de 1993, com a música “Explode Coração”, que deu o título para escola em seguida 17 anos de jejum. Renome de galã, Maninho é sabido por diversas histórias e relacionamentos amorosos, mesmo sendo casado. Mas foi com Sabrina Garcia, com quem teve três filhos: Shanna, Tamara e Mirinho.
Ele foi assassinado na porta de uma ateneu, em 2004, naquele indicado uma vez que o precursor de diversas disputas violentas pelo poder, no Rio de Janeiro.
Filha de Maninho e neta do “Seu Miro”, Shana e a mana Tamara estão na disputa pelo controle das áreas da família, desde a morte do pai, em 2004. Shana foi casada com José Luiz de Barros Lopes, o Zé Personal. O ex-marido, indigitado uma vez que o “operador” da família a partir da morte de Maninho, foi assassinado em um Meio Espírita em 2011.
Shanna é casada atualmente com Rafael Alves, e atua uma vez que amazona amadora. Ela já reivindicou publicamente os direitos dos pontos da família que segundo ela, foram subtraídos pelo ex-cunhado, marido de Tamara, indiciado de não compartilhar os “ganhos”.
A disputa na família Garcia passa pelo conflito de versões entre Bernardo Garcia e Shana Garcia. O ex-marido de Tamara se apresenta uma vez que um empresário ligado aos ramos de automóveis e eventos, e nega qualquer envolvimento com o jogo do bicho.
Ex-presidente da escola de samba Unidos de Vila Isabel, Bernardo Bello chegou à liderança do jogo do bicho em segmento do Rio de Janeiro em seguida a morte do ex-sogro.
Apesar de não ser o sucessor direto, uma vez que Maninho tinha um irmão na família, Alcebíades Paes Garcia, o Bid, e também três filhos – as gêmeas Shanna e Tamara e Mirinho – que poderiam assumir a contravenção, Bello, casado com uma das filhas de Maninho, Tamara Garcia, acabou levando a melhor na disputa e conquistou poder sobre os pontos de jogo do bicho, numa história que envolve muitas mortes e diversas acusações.
Em 2017, o rebento de Maninho, Waldomiro Paes Garcia Júnior, Mirinho, foi assassinado, aos 27 anos, em seguida ser mantido refém por sequestradores. Shanna Garcia, acusa Bello de ser o mandante de um atentado sofrido por ela em 2019, quando foi atingida por dois tiros em frente a um núcleo mercantil também na Barra da Tijuca.
Em 2022, Bello, constava na lista da Espalhamento Vermelha, foi recluso pela Interpol na Colômbia, indiciado do assassínio de Bid. Ele ficou recluso por quatro meses mas conseguiu um habeas corpus para responder pelos crimes no Brasil, em liberdade.
O motivo para tantas acusações, segundo as investigações, é o espólio de 25 milhões de reais, deixado por Maninho.
José Caruzzo Escafura, o Piruinha

O quase centenário José Caruzzo Escafura, ou Piruinha, ingressou na contravenção na dezena de 1950, quando começou a gerenciar bancas na região da Anulação, Piedade e Inhaúma, espaço que exerceu bastante influência no auge do bicho – e onde mora até hoje. Antes de entrar na contravenção, Escafura foi motorista de lotação.
Aos 94 anos, Piruinha é o mais velho violador da cúpula do jogo do bicho carioca ainda vivo. Saiba quem é Piruinha, um dos chefes do jogo do bicho do RJ.
Aílton Guimarães Jorge, o Capitão Guimarães
Segundo o relatório final da Percentagem Pátrio da Verdade, Capitão Guimarães também participou ativamente das atividades de repressão do regime militar (1964-1985). Foi indiciado de participação em casos de detenção proibido, tortura e realização, e é um dos 377 agentes responsabilizados por crimes durante o período.
Enquanto ainda era militar, capitão Guimarães se viu atraído pelo superior lucro do contrabando de bebidas, roupas e cigarros. Esse caminho tortuoso o expulsa do Tropa nos anos 1970, mas termina alçando-o a um grande encarregado do jogo do bicho.
“Ele tinha relações com os grupos armados dos porões do regime dominador no processo da Ditadura Militar e, logo, leva esse know how para o jogo do bicho com a intenção de fazer do bicho uma atividade sistemática”, diz o historiador Luiz Antonio Simas.
Se a curso militar de capitão Guimarães foi curta, no jogo do bicho ela foi meteórica. Em unicamente cinco anos, ele chegou à cúpula da contravenção conquistando a região de Niterói. Também foi detrás de uma escola de samba para invocar de sua, a Unidos de Vila Isabel. Em 1984, fundou a Liesa (Liga das Escolas de Samba) ao lado do também bicheiro Castor de Andrade, da Mocidade Independente de Padre Miguel.
Atualmente, o Capitão está recluso em seguida a operação “Mahyah” que desarticulou uma organização criminosa voltada para a prática de homicídios, devassidão passiva e porte proibido de arma de queimada, chefiada pelo capitão.
Uma das figuras mais conhecidas da contravenção, Rogério de Andrade foi recluso no Rio de Janeiro, na manhã desta terça-feira (29).
O bicheiro é indiciado pelo homicídio qualificado de outro violador, Fernando Iggnácio, ocorrido em novembro de 2020. Ele foi assassinado a tiros em um heliponto na zona oeste do Rio de Janeiro.
O mandado de prisão contra Rogério foi cumprido pelo Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Transgressão Organizado do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (GAECO/MPRJ). Ele foi estagnado em sua lar, na Barra da Tijuca.
Saiba quem é Rogerio de Andrade, bicheiro recluso por homicídio no RJ.
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Rogério de Andrade foi recluso no último dia 29 de outubro, no Rio de Janeiro. • Reprodução/redes sociais
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Rogério de Andrade foi recluso no último dia 29 de outubro, no Rio de Janeiro. • CNN
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Rogério de Andrade chega à Cidade da Polícia, no Rio de Janeiro, em seguida prisão. • CNN
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Rogério de Andrade foi recluso no último dia 29 de outubro, no Rio de Janeiro. • CNN
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Rogério de Andrade foi recluso no último dia 29 de outubro, no Rio de Janeiro. • CNN
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Sobrinho de um dos nomes mais conhecidos da contravenção carioca, Rogério de Andrade assumiu os negócios da família em seguida a morte de Castor de Andrade, em 1997. • Reprodução
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Sobrinho de um dos nomes mais conhecidos da contravenção carioca, Rogério de Andrade assumiu os negócios da família em seguida a morte de Castor de Andrade, em 1997. • Reprodução
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Sobrinho de um dos nomes mais conhecidos da contravenção carioca, Rogério de Andrade assumiu os negócios da família em seguida a morte de Castor de Andrade, em 1997. • Reprodução