A apuração da morte do rebento do bicheiro José Caruzzo Escafura, o Piruinha, transgressor mais velho da antiga cúpula do Jogo do Bicho que vai a júri popular por homicídio qualificado, foi citada no relatório final da Polícia Federalista sobre a investigação do caso Marielle Franco. O julgamento aconteceria nesta terça-feira (9), mas foi diferido para dia 25.
Segundo o documento, há indícios de que a Polícia Social não chegou à desenlace de quem matou Haylton Carlos Gomes Escafura por uma verosímil interferência do solicitador Rivaldo Barbosa, que chefiava a Ramificação de Homicídios na estação.
O rebento de Piruinha foi encontrado morto em junho de 2017 em um hotel na Barra da Tijuca, ao lado da mulher, a policial militar Franciene de Souza. De entendimento com as investigações, o motivo da realização foi a disputa pelos pontos de venda de máquinas caça-níqueis, uma vez que ele vinha tentando restabelecer de territórios do jogo do bicho em partes da zona setentrião do Rio.
O prova do solicitador Brenno Carnevale, citado no relatório da PF no caso Marielle, coloca em incerteza a distribuição dos inquéritos que apuravam mortes possivelmente decorrentes da ação de contraventores.
“Durante o período em que o depoente [Brenno Carnevale] esteve na DH, ocorreu um duplo homicídio na Barra da Tijuca, que vitimou Haylton Escafura, rebento do transgressor vulgo “Piruinha”, muito uma vez que uma mulher, que era policial militar. Uma vez que era o depoente que investigava as mortes de policiais militares no município do Rio de Janeiro, mal chegou DH, para trabalhar, solicitou que todo o material apreendido no lugar do homicídio ficasse em lugar seguro, a disposição do depoente e de sua equipe, para ser analisado e também colocou o procedimento em sigilo, por entender se trata de investigação sensível. No entanto, investigação foi retirada da atribuição do depoente, assim uma vez que o material aprendido que estava em sua sala”, cita o documento.
Em prova ao Ministério Público do RJ, Carnevale foi além: ele informou que não houve elucidação dos crimes envolvendo bicheiros entre agosto de 2016 e março de 2018. Ele denunciou, ainda, que materiais apreendidos e inquéritos haviam perdido de forma misteriosa.
No relatório, a PF apontou indícios de “negligências” propositais em investigações para proteger pessoas do interesse de Barbosa, que pagavam por essa proteção. O relatório afirma que, no período em que esteve adiante da Delegacia de Homicídios da Capital, por exemplo, o solicitador recebia vantagens indevidas da contravenção para não investigar ou não deixar investigar os homicídios praticados em decorrência das disputas territoriais para exploração do jogo do bicho. Tanto, que foi desobstruído procedimento para apurar a prática dos crimes de organização criminosa, depravação passiva e lavagem de verba praticados por Rivaldo Barbosa e policiais a ele subordinados, familiares e empresários.
Para embasar as denúncias de depravação, os invetigadores da PF também citam no documento o prova do ex-PM e miliciano Orlando Oliveira de Araújo, o Orlando Curicica, que afirmou que existia um sistema de pagamento mensal realizado pelos contraventores para as delegacias do Rio de Janeiro.
“Não, é uma tábua. Isso é uma tábua. Delegacias uma vez que a 22, a 21, a 27, a 38, elas ganham R$40 milénio por mês da contravenção. A 35 ganha R$40 milénio por mês. Existe uma tábua, tá? A DH, as especializadas, ganham mais, que varia entre R$ 60 e 80 milénio por mês. A DH, além do que eles recebem mensal, quando entra um homicídio, por exemplo, deixou uma filmagem, deixou um rastro que eles conseguem direcionar o homicídio para determinado transgressor, eles pagam por fora, uma vez que foi o caso do Pereira e o caso do Escafura”, afirmou o miliciano.
Segundo relato, a Delegacia de Homicídios da Capital teria recebido de pessoa ligada ao bicheiro Rogério de Andrade murado de R$300 milénio para não “perturbar” os prováveis envolvidos na realização do ex-PM Geraldo Pereira. Pagamentos à secção também teriam realizado para não se chegar à solução das mortes do presidente da Portela, Marcos Vieira de Souza, espargido uma vez que Falcon, e Haylton Escafura.
Com isso, de entendimento com a PF, Barbosa teria ficado responsável também pelo chamado “balcão de negócios” instalado no departamento, que combinava, mediante pagamento de propina a preterição em determinados casos ou o direcionamento de investigações para pessoas inocentes, a término de livrar os verdadeiros culpados. “Para tanto, Rivaldo fez negócio com contraventores, milicianos e, uma vez que se vê no caso em tela, políticos, no lavor de se locupletar financeira e politicamente”, afirma a PF.
O relatório conclui que “Rivaldo lucrava enquanto as organizações criminosas empilhavam corpos pela Região Metropolitana do Rio de Janeiro. A geração desse envolvente pernicioso permitiu o fortalecimento de grupos criminosos, tendo em vista que a preterição deliberada na repressão dos crimes de homicídio tem o dom de cultivar um envolvente fértil para todo o tipo de criminalidade, sendo esse transgressão o esgoto no qual desaguam os reflexos dos demais”.
A CNN tenta contato com a resguardo do solicitador Rivaldo Barbosa.
